Estimativas indicam que uma pessoa com 70 anos de idade consumiu, durante este tempo, cerca de 25 toneladas de alimentos. Por si só, a digestão de tamanha quantidade já exige bastante trabalho do organismo. Associado a isso, a individualidade bioquímica, a carga genética, algumas pré-disposições, o estilo de vida e a industrialização massiva dos produtos consumidos tornam o ato de comer uma tarefa árdua, principalmente, para o próprio corpo.

De acordo com a nutróloga Cristiane Molon, com o advento da industrialização e o estilo de vida moderno e estressante, cada vez mais, opta-se por alimentos práticos, industrializados, pobres em nutrientes e altamente calóricos. Em contrapartida, o consumo de verduras, frutas, feijão e arroz é esquecido. “Esse hábito novo e ruim faz aumentar o surgimento de diversos problemas desencadeados pelo sistema imunológico, podendo ser alérgicos ou não”, ressalta.

A especialista também explica que o sistema digestivo foi programado para digerir tudo o que se come, mas com o consumo excessivo de substâncias químicas, desde fertilizantes, conservantes, corantes até aromatizantes, ele começa a não dar conta do trabalho extra. Paralelamente, há uma modificação na microbiota intestinal, provocando a chamada “disbiose intestinal”. Quando ela ocorre, instala-se uma alteração das bactérias do bem, com domínio de micro-organismos que inflamam e alteram a permeabilidade das mucosas dos intestinos, resultando em alergias.

Vários alimentos podem desencadear dermatites e eczemas. Entre os mais comuns estão o leite e derivados lácteos, glúten (trigo), soja, amendoim, oleaginosas, açúcar, ovo, peixes e frutos do mar, frutas cítricas, manga, batata, chocolate e tomate. “Clinicamente, vemos muitas doenças, como enterocolites, bronquites e dermatites, causadas por proteínas alimentares, principalmente, pela proteína do leite e do trigo (glúten)”, complementa.

Segundo Cristiane, elas provocam uma inflamação na mucosa intestinal facilitando a passagem de macromoléculas e metais tóxicos, além de gerar a síndrome de má absorção de nutrientes.

Outro agravante é que as macromoléculas que conseguem atravessar a mucosa intestinal doente podem provocar uma reação do organismo no sentido de combatê-las. Assim, acontece a formação de anticorpos, a liberação de histaminas e a produção de outras substâncias pró-inflamatórias. Todas essas reações em conjunto e longo prazo tendem a desencadear sintomas em diversos órgãos.

Diferentes estudos comprovam a relação de alergia tardia, principalmente, ao leite e ao glúten, com dermatite, ou seja, coceiras na pele, rinite, sinusite, aumento da resistência à insulina e na formação de muco, gastrite, enterocolite, enxaqueca e fadigas inexplicáveis. A nutróloga ainda esclarece que o tratamento de grande parte das dermatites começa pela retirada do alimento causador da dieta. Em algumas pessoas, a melhora pode ocorrer no prazo de dias, enquanto que em outras ela se dissipa aos poucos, ao longo de meses. “Hoje, observa-se que qualquer órgão ou sistema pode ser alvo desses erros imunológicos. Por isso, é importante diversificar a alimentação e procurar produtos menos processados e mais naturais”, avisa.