Não pode comer milho e soja porque são produtos transgênicos. O leite tem porcaria dentro. Suco tem frutose e, por isso, também não pode. E barrinha de cereal também não, pois, tem glicose. Sardinha e atum enlatados não pode. Palmito e pepino em conserva nem pensar. Carne tem nitratos, frango possui antibiótico e peixe tem mercúrio. Castanha tem fungos, não pode. Salada tem agrotóxico. Então, vamos comer vento? Vento pode? Não. Tem muito CO2 e poluentes. Estamos ferrados.
O que me preocupa é a fissura constante de muita gente por alimentação saudável. Isso para mim é um doença chamada ortorexia. Sou a favor de comer de tudo de foram moderada. Refrigerante, por exemplo, todos sabem que não faz bem, mas um copo no final de semana não mata ninguém.
É bacana comer comida de verdade e só isso. Não me refiro às pessoas que têm doença celíaca ou são intolerantes a alimentos específicos, estes contam com suas restrições.
Quando falo no consultório comam alguma porcaria de vez em quando, é riso na certa. Mas, por favor, bolacha recheada não, é demais.
A saúde deve estar no equilíbrio. Se você ficar neurótico, não vai comer nada. Além de ficar antissocial, ficará também infeliz. Ninguém consegue comer frango com batata-doce, seis vezes ao dia, durante a vida toda. Precisamos do feijão com arroz, das saladas, legumes, proteínas da carne e frutas diariamente. O que mais intoxica com certeza é a raiva, os ressentimentos, o passado mal resolvido. É fato: a preocupação excessiva faz mais mal do que o “X-tudo” da esquina.
Uma alimentação pobre em proteínas, em carboidratos bons, em frutas e em legumes não produz adequadamente nutrientes, nem aminoácidos, tampouco neurotransmissores. Sem melatonina disponível no organismo, a qualidade do sono vai ser ruim. Sem serotonina, o humor vai ficar péssimo, adianta alguma coisa?
O importante é o equilíbrio. Tudo em excesso faz mal. O veneno de cobra em doses homeopáticas é medicamento. Em altas doses é letal. Pensei nisso.