Uma das queixas mais comuns no consultório é a perda de memória: datas, nomes, fatos que fogem à lembrança, “os brancos”, a falta de concentração e foco. O que mais chama atenção é que a queixa vem aumentando entre os jovens. Com certeza, o estresse crônico e a quantidade de informações que recebemos diariamente contribuem para a perda da capacidade cognitiva. É como se tivéssemos com um turbilhão na cabeça e sem saber administrar!
Fala-se muito em manter o corpo saudável para viver bem, mas, adianta ter um corpo legal sem memória condizente? Além de malhar braços, abdômen, pernas, é importante exercitar o cérebro, órgão com função essencial em todo o nosso organismo. Para que ele tenha um bom desempenho, também precisa ser exercitado não só com pensamento acelerado e excesso de afazeres. Porém, com cuidados específicos, leitura, jogos que envolvem estratégias, como xadrez, baralho, dominó. Também valem palavras cruzadas, aprender um novo idioma, exercício físico regular.
Com o envelhecimento, ocorre um declínio cognitivo que afeta a memória e, dependendo do estilo de vida, o declínio é maior. Pesquisas têm mostrado que os hábitos de vida influenciam diretamente na capacidade cerebral. Por isso, o gerenciamento do estresse e dos níveis do cortisol são essenciais.
Sabendo que o estilo de vida tem grande impacto no cérebro, pequenas mudanças podem melhorar a saúde mental, minimizando o risco de perda da memória. O segredo é manter o cérebro ativo, buscar estímulos intelectuais, aprendendo algo novo e desenvolver habilidades diferentes.
As células nervosas ou neurônios, quando são ativadas (exercícios, jogos, respiração adequada, música, dança, sabores, cheiros) liberam hormônios e neurotransmissores que atingem outras células nervosas através de ligações denominadas sinapses. As alterações celulares decorrentes destes estímulos, conhecidos como plasticidade, tornam as sinapses mais eficientes e podem aumentar a transmissão de impulsos nervosos, modulando, assim, o comportamento.
Quando uma célula é ativada, ocorre a liberação de substâncias químicas nas sinapses, chamadas neurotransmissores, tornando-as mais efetivas. Pesquisas apontam que neurônios “exercitados” possuem um número maior de ramificações (dendritos) se comunicando com dendritos de outros neurônios.
Assim, para que as memórias sejam criadas, ou seja, para que o cérebro responda a novos estímulos, é preciso que as células nervosas formem novas interconexões e novas moléculas de proteína. Por isso, a importância de ouvir uma boa música, ler, sentir cheiros diferentes. Tudo modifica a resposta do cérebro.