A alimentação é cercada de mitos. De tempos em tempos, produtos e hábitos trocam o posto de vilão pelo de mocinho e, na mesma velocidade, retornam também ao lugar inicial. Por isso, fica difícil saber o que realmente é saudável e, em contrapartida, o que deve ser riscado da rotina alimentar.
Em meio a tantas dúvidas, vale sempre pesquisar, avaliar e, principalmente, levar o assunto a um especialista. São muitas as lendas construídas em torno dos alimentos e quanto à forma correta de consumi-los no dia a dia. Uma pergunta comum, por exemplo, diz respeito à ingestão de carboidratos no período da noite. É normal me perguntarem se comer esses produtos após as 18h engorda.
A resposta gira em torno da quantidade e do tipo de carboidrato consumido e não do horário. O problema está na versão refinada, presente em pães, massas, cucas e bolos feitos com farinha de trigo comum. Eles se transformam rapidamente em açúcar, então, há liberação de insulina e armazenamento de gordura, assim como aumento do risco de diabetes. Diante dessa realidade, sugiro carboidratos integrais combinados com proteína e gorduras boas para que se evite picos de insulina.
Outro mito bastante comum na alimentação é que produtos integrais não engordam. Porém, todos os alimentos possuem calorias e, quando ocorrem exageros, podem levar ao ganho de peso.
O mesmo acontece com a tapioca, alimento que, nos últimos anos, ganhou ainda mais popularidade no Brasil. Ela não contém glúten, mas é carboidrato, ou seja, transforma-se em açúcar após ser ingerido. Quando consumido sem moderação, além de engordar, pode piorar a diabetes. O ideal é acrescentar linhaça ou chia para uma versão mais saudável e com redução de carga glicêmica.
Do outro lado, aparece um alimento que já passou por inúmeros altos e baixos e levou fama de indutor do colesterol alto. Apesar dos mitos que envolvem o ovo, ele é completo, nutritivo e merece voltar aos cardápios. A médica ressalta que, ao contrário do que pensou, a gema não eleva o colesterol, já os carboidratos refinados, sim. Então, vale começar o dia com um café da manhã a base de ovos para ter saciedade por mais tempo.
Rotineira, a indicação de fazer refeições e lanches a cada três horas para emagrecer também ganhou status de mito. Enfatizo que estudos vêm mostrando que fazer três refeições equilibradas em nutrientes, minerais e macronutrientes tem mais benefícios no processo do emagrecimento do que seis refeições diárias. Reitera, ainda, que o corpo humano não está preparado para digerir alimentos o tempo todo e um jejum diário de 12 horas é natural e necessário. Existem as necessidades individuais e condições de saúde específicas, portanto, cada pessoa responde de formas diferentes.
Outros mitos
– Comer menos gordura para emagrecer: as gorduras de ovos e carne vermelha foram demonizadas por muito tempo. Mas, o mecanismo é um pouco mais complexo. Uma alimentação com muito carboidrato e gordura faz engordar, mas não é só a gordura a responsável. O problema está na combinação dos carboidratos e na ingestão calórica excessiva.
– Massas, pães e grãos são saudáveis: o resultado de uma dieta rica em carboidratos e pobre em proteínas e gorduras saudáveis é responsável pela atual epidemia de obesidade e diabetes. A alimentação do brasileiro está pobre em nutrientes e rica em calorias devido ao consumo excessivo de alimentos industrializados. Existem carboidratos que são saudáveis (batata-doce, batata cará, taiá, lentilha, feijão, grão de bico, legumes), em contrapartida, há os alimentos prejudiciais como os refrigerantes, sucos de caixa, pão branco, balas, doces em geral.
– Alimentos light e sem gordura ajudam emagrecer: os alimentos light e sem gordura fazem sucesso porque contêm menos calorias. Mas, como são industrializados, têm muito carboidrato, açúcar e sódio. Os alimentos light ajudam a diminuir a ingestão de calorias, mas não ajudam a controlar a fome porque têm açúcar.
– Proteína faz mal aos rins: as pessoas com problemas renais devem comer menos proteína, mas os saudáveis não precisam se preocupar. A maioria das pessoas fora do peso ideal come pouca proteína e isso afeta a saciedade, aumentando a compulsão alimentar. Uma dieta hiperproteica faz bem para alguns, enquanto que para outros não. Não existe receita universal, cada pessoa funciona de um jeito.